19 junho 2008

roda viva

não tenho vivido bons dias. esporro, gripe, decepção. parece que quando a vida anda de um lado ela fode de outro.

ninguém sabe me dizer aquilo que eu preciso/quero ouvir, e a culpa não é de ninguém além de minha, que quero é ficar na minha e não escutar nada de ninguém.

ai, ai, ai, esse freud que vive dentro de mim me faz orgulhosa demais. pior que nesse exato momento milhares de coisas estão passando pela minha cabeça e eu não posso escrever nada além das divagações pra não correr o risco de ser lida e entendida por quem não deveria.

vou apelar pro chico:

roda viva
chico buarque/1967

tem dias que a gente se sente
como quem partiu ou morreu
a gente estancou de repente
ou foi o mundo então que cresceu
a gente quer ter voz ativa
no nosso destino mandar
mas eis que chega a roda-viva
e carrega o destino pra lá

roda mundo, roda-gigante
roda-moinho, roda pião
o tempo rodou num instante
nas voltas do meu coração

a gente vai contra a corrente
até não poder resistir
na volta do barco é que sente
o quanto deixou de cumprir

faz tempo que a gente cultiva
a mais linda roseira que há
mas eis que chega a roda-viva
e carrega a roseira pra lá

A roda da saia, a mulata
não quer mais rodar, não senhor
não posso fazer serenata
a roda de samba acabou

a gente toma a iniciativa
viola na rua, a cantar
mas eis que chega a roda-viva
e carrega a viola pra lá

o samba, a viola, a roseira
um dia a fogueira queimou
foi tudo ilusão passageira
que a brisa primeira levou

no peito a saudade cativa
faz força pro tempo parar
mas eis que chega a roda-viva
e carrega a saudade pra lá

tudo bem, tudo bem, ele fala do mundo, e eu só de mim.

saco... mil pensamentos e não posso vomitar nenhum...