04 agosto 2006

ônibus


dava pra escrever um diário com tudo o que acontece num ônibus qualquer.

sempre que pego algum acontecem coisas estranhas e irritantes.

as irritantes são sempre comuns e se repetem:

• aquela que fica na porta e não vai descer;
• aquele que quer entrar antes de todos, atropela todos os usuários de banco exclusivo;
• a que coloca a mala sentadinha do lado, ocupando um espaço que deveria ser seu;
• vc de pé, com 30 pastas, e a dondoca sentada, feliz nem se liga de te ajudar carregando alguma coisa;
• o único banco aparentemente vazio ser o do lado da "gorda baleia saco de areia" que ocupa o lugar equivalente a duas bundas com uma só;
• aquela que vem com a criança, menor de 6 anos, não paga, mas coloca a criança no banco! (pô, se não paga é pq não ocupa banco, pq é pequena o suficiente pra ir no colo, tô certa?);
• isso sem contar os ambulantes que às vezes aparecem vendendo até a mãe;

as coisas estranhas, num geral são cômicas, mas são incomuns (infelizmente - ou não)

• ficar de pé, no calor. o suor desce direto pro cofrinho (e faz cócegas);
• pessoas cantando, tocando etc.. fazendo arte (isso é mais comum nos ônibus que voltam da usp, de preferência no horário de saída do pessoal do noturno);
• o cara do seu lado tentando ler o seu livro e vc se torcendo pra ajudar ou atrapalhar (já aconteceu comigo um cara que lia em voz alta, sussurrando no meu ouvido);
• ou o mesmo cara, pescando de sono e chacoalhando a cada 2 minutos;
• um "artista" tentando convencer cantando músicas e garotas com um sotaque fajuto americano;
• o louco, que fala sozinho, fala com o motorista, com o cobrador, com vc, com deus, com o gasparzinho...

só lembrei disso tudo pq hj, num ônibus, uma menina se desequilibrou e meu deu uma porrada na testa, de desarrumar o óculos e o cabelo (uma TEBA).

tenho que admitir, sou neonibusfóbica!!! (neo: novo; ônibus: meio de transporte coletivo; fóbica: cagona; daí neonibusfóbica: aquela que caga de medo de pergar ônibus novo, diferente).

toda vez que eu preciso ir a algum lugar que não conheço eu olho no guia, desenho o mapa do lugar, consulto o site da sptrans, ligo 3 vezes para 156, 2 vezes pra alguém que more ou trabalhe perto do meu destino e pergunto mais algumas vezes para cada um que eu encontrar.

depois do dia que me deram informação errada eu não acredito mais no que diz o 156, mas sempre ligo. e quando eu encontro um ônibus certo eu fico o caminho todo olhando TODAS as placas de rua, pra tentar me localizar (o que, invariavelmente, é inútil).

não consigo, também, pegar 2 ônibus se eu tiver de descer do primeiro em algum lugar que eu não conheça (aliás, eu nunca peguei 2 ônibus por indicação, só por certeza e em caso de extreeeeeema nescessidade).

nunca consegui acreditar no bilhete único, eu sempre ando com ele e mais dois reais no bolso em caso de falha.

eu sempre tenho vontade de fazer alguma coisa com a pessoa sentada na minha frente, arrumar a etiqueta, a gola, puxar o cabelo, cutucar e disfarçar, e outras coisas nesse caminho.

às vezes eu não posso evitar, e surgem novos ônibus em minha vida, ai, qdo eu chego no meu destino (pois nem sempre eu chego) é uma felicidade efêmera (palavra bonita, hein???), dura o tempo suficiente de eu descobrir que vou ter que repetir todos os passo pra poder encontrar outro ônibus pra voltar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pior que é verdade...
A cada viagem de ônibus um história diferente...
Claro, quando a história e a criatividade de seus usuários, já não começa bem antes, no próprio ponto do ônibus...
Morro doce, Morro alto, Domitila...

mary poppins disse...

mai, lembrei das nossas histórias com os nomes dos ônibus... lembrei que existiam histórias, mas ainda não consegui lembrar "as histórias"